domingo, 31 de maio de 2009

A Razão do meu Afeto (The object of my affection) – 1998

Head up Young person!

Eu criei esse blog a priori para escrever sobre todos os filmes que eu via. No entanto, acabei me direcionando aos meus clássicos filmes preferidos. Bom, eu irei continuar falando dos meus filmes preferidos, mas começarei a falar de filmes mais atuais também. O restinho do que há de bom em Hollywood hoje, porque afinal, esse blog também tem o intuito de homenagear essa tão discutida indústria cinematográfica.

Filme pouco conhecido, mas de grande roteiro e fabulosas atuações, A Razão do meu Afeto pode ser considerado uma comédia romântica com um pouco de drama. Pode ser escrito em sua sinopse que discute a amizade, que fala sobre um homossexual que vai morar com uma mulher, que aborda a questão das escolhas ou que simplesmente trata do amor. A produção do filme em si não é lá grandes coisas, fiquei abismado quando soube que gastaram 15 milhões para fazê-lo, mas a história com certeza ficará matutando a sua cabeça e te fará refletir sobre certos assuntos.

Nina (Jennifer Aniston) é uma assistente social que mora no Brooklin, George (Paul Rudd) é um professor de primário que mora com seu extraordinário namorado em Manhattan. Após Joely terminar o namoro com George, este vai morar com Nina, com quem acaba se dando muito bem. Os dois se inscrevem em aulas de danças, conversam sempre e confiam muito um no outro. As cenas das danças são uma clara homenagem a Cantando na Chuva, a música principal do filme é “You were meant for me”, particularmente é a mais bonita do clássico de 52.

Quando Nina descobre que está grávida de seu namorado, Vince, ela pede a George que fique e crie a criança com ela. A principio, George não gosta muito da idéia, mas após ver uma criança jogando bola com o pai numa tarde, ele decide que seria uma boa idéia criar um filho com sua melhor amiga (é um tanto quanto clichê essa parte, mas se pensar bem, até hoje, para um homossexual ter um filho é tanto quanto complicado).

Uma das melhores cenas e, um tanto quanto um choque para mim, é quando Nina e George acabam se beijando e quase transando, se não fosse pelo ex do George ter ligado. A gente consegue sentir que são apenas duas pessoas que se gostam muito e querem fazer a outra feliz. No entanto, a condição de George, provavelmente, o impossibilitaria de continuar com Nina daquela maneira.

Nina acaba se apaixonando por George, e este acaba se apaixonando por Paul, um estudante de teatro que mora com um critico extremamente culto chamado Rodney. Este por sua vez, é apaixonado por Paul. Essa trama é um pouco mais simplória do que aparenta. No entanto, é o que dá nome ao filme por uma frase extremamente verdadeira dita por Rodney a Nina: “Acho que não devemos ser tão severos com nós mesmos se a razão do nosso afeto retribui o carinho com um pouco menos de entusiasmo do que gostaríamos”. É claro que George não fica com Nina, e é esse o ponto chave do filme, que nos faz refletir tanto. Eu não vou ficar me atendo aqui a nenhuma ideologia contra preconceitos ou qualquer coisa assim. Mas é importante observar a condição de alguém destinada por quem você quiser, por Deus, pelo carma ou sei lá, que é tratada com extrema sensibilidade pelo filme.

Concluindo, roteiro impecável, atuações no mesmo nível e reflexões para a vida são o que tornam esse filme um dos poucos novos que me marcaram.

sábado, 30 de maio de 2009

Dr. Jivago (Dr. Zhivago) - 1965


A Revolução Russa nunca fora tratada com tanta sensibilidade!

O diretor David Lean sempre será associado a grandes produções. E grandes produções boas, não grandes produções iguais as de hoje em que gastam milhões com efeitos especiais e esquecem de pagar o roteirista. A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e Oliver Twist fazem parte do grande curriculo of this brilliant british!

Em 1965, no entanto, Lean alcança o ápice de sua criatividade cinematografica. Uma história de amor em meio a Revolução Russa baseado no romance de Boris Pasternark mistura a sensibilidade do jovem poeta medico Yury Jivago e as conturbações que envolveram antes, durante e depois a Revulação de Outubro.

O filme começa com a suposta filha de Yury, que é procurada pelo irmão do médico, ouvindo a história de seu pai.

órfão ainda quando criança, Yury (Omar Sharif) é levado à Moscou para morar com seus tios. As oportunidades que seus parentes lhe dispõe transformam yury em um médico com grandes possibilidades de sucesso: o casamento meio que arranjado com sua prima Tonya (Geraldine Chaplin) e seu sucesso como jovem poeta nos jornais da Europa tornam a vida do médico quase que perfeita. A história de Yury, no entanto, é traçada com a de Laura (Julie Christie), estudante de medicina, filha de uma costureira pobre, atormentada pelo namorado da mãe e apaixonada por um revolucionário.

O filme é também uma aula de história. Mostra com perfeição de detalhes o "Domingo Sangrento", como ficou conhecido a marcha do povo russo contra o czar que acabou em um massacre sobre a neve. A desistencia do exército russo de lutar na IWW e as condições de moradia em Moscou. Yury e Laura se apaixonam quando os dois trabalham cuidando dos feridos da guerra. Yury, no entanto, engravidara Tonya e tem que voltar para sua casa, que agora divide com mais 20 familias. Quando resolvem mudar para uma casa no campo, Yury reencontra Laura e acaba tendo uma relação extraconjugal durante mais de um ano.
A fotografia do filme tornam-o muito mais prazeroso de ver. O branco da neve mistura-se com o vermelho do sangue nas ruas de Moscou e na metade do filme as flores amarelas em meio ao campo verde tomam conta da tela e nos dão cenas realmente para toda a vida.

Dr. Jivago não é somente recomendável ao cinéfilos, é obrigatório. Acredito que nenhum filme sobre a Revoulução Russa tocará tanto quanto essa novela reproduzida com Perfeição por David Lean nos tocou.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire) – 1951

“…Plus all the petty laughs, In Tennesse Williams’ plays…”

O trechinho da música “Love is a Bore”, da fabulosa Barbra Streisand, resume um pouco uma das diversas características marcantes do trabalho de um dos maiores dramaturgos da história do cinema: Tenesse Williams. Sim, dramaturgo do cinema, pois Williams ajudou diversas vezes na adaptação de peças suas para o cinema. De repente, no último verão, Gata em Teto de Zinco Quente e Boneca de carne são alguns dos memoráveis filmes que levam sua assinatura.

No entanto, “Uma Rua Chamada Pecado” é considerada a obra mais marcante de Williams e o mais marcante filme de Elia Kazan. Blanche DuBois (Vivien Leigh), uma mulher neurótica e problemática vai visitar sua irmã, Stela (Kim Hunter), em Nova Orleans. Fugida de sua cidade natal após tentar seduzir um menino de 17 anos, Blanche afetará o cotidiano de sua irmã e de seu cunhado, Stanley Kowalski (Marlon Brando), a ponto de separá-los. As brigas do casal são extremamente fortes, e a atuação de Leigh é uma das mais marcantes da história do cinema. Talvez Kazan desperte isso nos atores, o diretor nascido em “Istambul not Constantinopla” (hehe) dirigiu Sindicato de Ladrões, Vidas Amargas e A Luz é para Todos, todos com atuações fantásticas.

Os cenários “naturalistas”, por assim dizer, tornam o filme realista e quente. Toda vez que eu assisto à Uma Rua eu fico com calor. Talvez seja porque o Brando está sempre suado e acaba tirando a camisa por diversas vezes. Por esse motivo, algumas cenas do filme foram censuradas na época, hoje, podemos conferi-las na versão do diretor em dvd. O título original “A Streetcar Named Desire” é uma referência ao bonde que Blanche pega para chegar à casa de sua irmã. No entanto, o título em português foi mudado para “Uma Rua Chamada Pecado” por causa da censura. Essa era uma forma bastante comum na época, como no filme “Peyton Place” que em português foi mudado para “A Caldeira do Diabo”.

O trabalho memorável desses dois artistas ficarão eternizados nas telas e nos livros. Tennesse sempre será lembrado por suas peças com personagens complexos, cenas com “risos insignificantes” e um incômodo reflexivo no final de cada leitura. Elia já está em qualquer lista de melhores diretores da história, planos perfeitos, cenas intrigantes e direção de atores fantásticos como ele. “Uma Rua Chamada Pecado” é o espelho da obra feita com perfeição por esses dois artistas.