quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sabrina (1954)

Isn't it Romantic?

Eu tenho uma paixão por comédias românticas que pode ser explicada pela simples razão de eu adorar um clichê. As falas prontas, a melação entre os personagens que enfrentam poucas e boas para terminarem juntos no final e aquele brilho nos olhos dos apaixonados quando se vêem pela primeira vez são refletidas nos pêlos dos meus braços se arrepiando e ocasionalmente algumas lágrimas nos olhos. Sim, eu me comporto pateticamente em certos filmes.

Sabrina é talvez uma das melhores comédias românticas de todos os tempos, e para mim a segunda melhor da encantadora Audrey Hepburn. A filha de um chofer é apaixonada pelo filho do patrão desde criança, David (William Holden) é o típico filinho de papai dos anos 50: freqüentou as melhores faculdades, namora as filhas da sociedade nova yorkina e não tem a menor responsabilidade nos negócios da família. Já seu irmão, Linus (Humphrey Bogart), é o responsável da família: o menino de ouro que se graduou com méritos em Yale e dirigi a empresa do pai.

Para esquecer David, Sabrina vai para Paris, onde estuda na melhor escola de culinária. Lá ela conhece um Barão que lhe abre portas, tanto de camarotes em óperas quanto de salões de beleza. Depois de dois anos, Sabrina volta para Long Island, agora mudada tanto no visual quanto em sua maneira de agir e enfrentar o mundo. Ainda apaixonada por David, consegue chamar sua atenção, no entanto, um pequeno acidente com taças de champanhe o torna incapacitado de sair com Sabrina por algumas semanas. Seu irmão, Linus, fica encarregado de levá-la ao teatro, jantares e um ocasional passeio de barco. Se isso não o fizesse se apaixonar pela filha do chofer eu não sei o que faria.

As atuações fantásticas, os cenários deslumbrantes e o figurino impecável fizeram desse filme uma produção classe A. O vestido simples que Audrey veste no começo do filme foi criado pela criativa Edith Head, no entanto, o figurino que Audrey usa após retornar de Paris foi desenhado pelo estilista Humberto de Givenchy que foi procurado especialmente pela atriz. Apesar da decepção de Humberto ao saber que não era Katherine Hepburn quem o procurara, a parceria do estilista com Audrey se tornou uma das combinações mais perfeitas no mundo da moda.

As descobertas de amor e de responsabilidade pelos irmãos Larrabee são exploradas ao longo do filme pelo diretor e roteirista Billy Wilder. Wilder teve a criatividade de tornar uma história tão simples em algo tão glamuroso e eterno aos olhos de quem têm a sensibilidade de enxergar uma comédia romântica em sua forma mais pura.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Alice

"Mais vale uma Alice Voando, do que mil Alices com o pé no chão"
Este mês a HBO reprisa o seriado Alice que estreou no ano passado aqui no Brasil. A série é tão original, poética, dramática, divertida e simplesmente gostosa de assistir que vale a pena conferir a estréia dessa magnífica atriz: Andréia Horta.

Alice é uma guia de turismo de Palmas, Tocantins. Quando recebe a noticia de que seu pai havia falecido, ela decidi ir à São Paulo para o enterro. Seu noivo, seus amigos e sua família são deixados de lado quando ela descobre os prazeres dessa cidade do pecado. Alice vai morar com sua tia Hippie, Luli (Regina Braga), que tem um relacionamento lésbico com uma antiga amiga. Arruma um emprego em uma agencia de eventos, onde tem a chance de ir para as baladas e festas mais Vips de Sampa.

Ao decorrer do seriado outras histórias são contadas, como a da amiga de Alice, Dani (Luka Omoto), que acaba por ter um relacionamento à três, com seu namorado, Téo (Juliano Cazarré) e sua colega de apartamento, Marcela (Gabrielle Lopez). Drogas, bebidas e várias baladas são mostradas com um ar psicodélico e acredito que foi o que mais chamou a atenção dos jovens pela serie. Vale chamar a atenção para a fotografia, tanto das festas quanto ao mostrar a cidade de São Paulo, que foi homenageada de forma tão intensa pelos produtores.

Lutas de Telecat, sexo quase que explicito e músicas feitas sobre medida fizeram da série uma das melhores produções da HBO. É uma pena que o final do seriado não manteve o nível do começo. Mesmo assim, vale muito a pena acompanhar a saga de Alice, que é uma clara referencia à do País das Maravilhas. Ele reprisará do dia 21 de Julho ao dia 5 de Agosto pelo canal pago.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quase Famosos (Almost Famous) 2000

''Never take it seriously, If you never take it seriously you never get hurt. If you never get hurt, then you always have fun, and if you ever get lonely you just go to the record store and visit your friends.''

Meu interesse pelos anos 70 americano começou por causa de um seriado transmitido pela Sony chamado That 70’s show. Ele contava a história de seis adolescentes em uma época em que a maconha era o lanche da escola e o Rockn’roll era a trilha sonora. A primeira vez que eu assisti à “Quase Famosos” esse seriado me veio à mente quase que instantaneamente. A fotografia, a história e principalmente as musicas eram uma verdadeira homenagem a essa época extremamente interessante e marcante para a cultura norte americana.

O diretor Cameron Crowe baseou o roteiro em suas próprias memórias quando escrevia para a Rolling Stones sobre a banda Led Zeppelin, aos 15 anos, e participou de parte da turnê da banda. Ele se transpôs ao personagem William Miller (Patrick Fugit), um adolescente de 15 anos, criado por uma mãe solteira, professora universitária e um tanto quanto controversa. Sua irmã, a rebelde da família, ao mudar para São Francisco com o namorado, deixa para William todos os seus álbuns de Rock.

A idolatria de William por bandas como Black Sabbath, Led Zeppelin, The Beach Boys, e outras, o transforma em um jornalista de rock em potencial. Ele conhece Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman) – que aliás era um verdadeiro jornalista de rock, ao qual Cameron era amigo – que lhe oferece um trabalho na revista Cream. Seus artigos chamam a atenção da maior revista de rock do país – A Rolling Stones -. William sai em turnê com a banda Stillwater e conhece Penny Lane (Kate Hudson), a personagem mais intrigante do filme. Ela pode ser chamada de Groupie (Fãs de bandas que dormiam com os integrantes), mas ela se considera uma “ajudante da banda”.

O filme não conta apenas com atuações memoráveis, destaque para Kate Hudson e Frances McDormand, que interpreta a histérica mãe de William; mas também com cenas memoráveis. A banda cantando “Tiny Dancer” de Elton John no onibus é simplesmente nostálgica, até mesmo para quem não a conhecia; Kate Hudson derrubando uma lágrima ao ser recriminada por William devido ao seu amor por Russel (guitarrista da banda Stillwater) é inesquecível, ela conseguiu criar uma personagem tão intrigante e esférica que se tornou a capa do filme. E a banda no corredor do aeroporto após a dramática viagem tem de fundo um solo de gaita que dá vontade de ouvir por horas e se lembrar de algo que a gente não viveu.

Já vi criticas sobre o filme recriminando-o devido às drogas e “porra-louquices” que são mostradas. Eu o recrimino em parte por ter pegado tão leve. Mostrar a realidade é a forma mais pura de homenagear algo e foi isso que Quase Famosos nos proporcionou: Respirou o Rock e homenageou os anos 70.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

I love Lucy

Mudando um pouco o foco do blog, vou falar do melhor seriado de comedia de todos os tempos. I Love Lucy estreou na CBS em 1951 e ficou no ar até 1957. Teve 180 episódios (incluindo o “Perdido” especial de Natal). Contava a história de um casal de Nova York: Lucy, uma atrapalhada dona de casa que fazia de tudo para entrar no mundo do entretenimento e Ricky, um cantor cubano que trabalhava em um clube de Nova York.

A sitcom foi baseada em um programa de rádio estrelada por Lucille Ball e Richard Denning, chamado “My favorite Husband”. Richard queria interpretar Ricky na versão para TV, no entanto, Lucille queria seu marido, Desi Arnaz, como protagonista da série. Os produtores ficaram preocupados com a reação do público à respeito do casamento “inter-racial” e pelo enorme sotaque de Desi. Para ajudar a decisão dos produtores, Arnaz e Ball fizeram uma peça com a música dele e a comédia dela, que foi aclamada em várias cidades. Por fim, os produtores aceitaram a dupla para a televisão, com a condição de não referirem o nome de Ricky no título. Ficou decidido como “I Love Lucy”, pois Desi sabia que o “I” era ele.

O seriado contava ainda com Vivian Vance e William Frawley, que interpretavam o casal Ethel e Fred. As situações em que Lucy e Ethel se metiam eram sempre as mais engraçadas. Nas ultimas temporadas, Lucy e Ricky tem um filho, o “Little Ricky”, interpretado por Keith Thibodeaux.

Embora o seriado tenha terminado em 1957, o show continuou por mais tres temporadas, com treze especiais de uma hora, rodados de 1957 a 1960, no começo se chamou The Lucille Ball – Desi Arnaz Show e depois retornou com o nome de The Lucy – Desi Comedy Hour.

Ao longo dos anos, o seriado ganhou cinco premios Emmy sendo duas vezes de melhor série de comédia, duas vezes para Lucille Ball e uma vez para Vivian Vance. I Love Lucy é o seriado mais popular dos Estados Unidos, suas cenas memoráveis são ainda hoje lembradas e retratadas por diversas series e filmes. No entanto, é impossivel copiar essa obra de arte. Acredito que jamais rirei tanto quanto rio quando assisto à Lucy.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Meu Amigo Harvey (Harvey) - 1950

[Postado por Gian]
"Meu Amigo Harvey" é uma daquelas comédias típicas dos anos dourados de Hollywood, cheia de carisma e pureza, duas características que certamente não combinam com a maioria das comédias produzidas hoje em dia.

Estrelada pelo formidável James Stewart, a trama nos conta a história de Elwood P. Dowd, um homem que tem um amigo basta peculiar: um coelho gigante de 1.91 de altura chamado Harvey! Ah, um detalhe: esse amigo é puro fruto de sua imaginação.

Dowd mora com sua irmã Veta e sua sobrinha Myrtle, que passam poucas e boas por causa da imaginação fértil dele, chegando a ponto de perderem os seus contatos sociais, e o momento não poderia ser pior por conta da procura incessante de Veta por um marido ideal para sua filha. Cada vez mais elas percebem que Dowd está espantando todas as pessoas de sua casa, e tomam uma decisão drástica: internar o pobre homem.

A partir daí a história toma um rumo bastante inesperado e inevitavelmente hilariante, onde os acontecimentos chegam no limiar do absurdo, mas se tratando de uma comédia dos anos 50, não há nada mais natural. É bastante agradável ver todas as reviravoltas pela qual a trama passa.

James Stewart nos apresenta uma atuação bastante divertida, sem dúvida um dos maiores atores de todos os tempos, ele consegue com proeza nos conquistar com a sua relação com Harvey, chegamos até a acreditar que o coelho realmente existe tamanha a sinceridade em que Dowd o trata, seja nos seus diálogos ou nos seus gestos.

Apesar do tom cômico, 'Harvey' também possui um lado crítico ao mostrar o sanatório para onde Dowd é levado. É claro que tudo é lidado com um certo exagero, mas é clara a crítica em relação ao que realmente difere um 'louco' de um 'normal'. Porque Dowd seria um louco? Afinal, ele não está fazendo mal ao ninguém, ele apenas tem um amigo nada convencional. A cena em que o médico do sanatório pensa que é a sua irmã, Veta, que está louca, é bastante crítica, afinal, Dowd continua na dele, tranquilo e sorridente, enquanto sua irmã entra num estado completamente histérico por causa de Harvey.

Talvez essa crítica do filme não tenha chamado muita atenção para os expectadores daquela época, mas ainda é bastante válida para os dias de hoje. Na cena ótima e bastante crítica em que um taxista, que costuma levar os ditos loucos para o sanatório, diz à Veta que 'os loucos' entram no sanatório de um jeito (simpáticos, gentis e alegres) e depois de injenção de 'cura', saem rabugentos e reclamões, podemos perceber a preocupação que a trama teve em explorar, mesmo de um modo superficial (o que nesse caso era inevitável), as questões que lidam com a linha obscura entre a sanidade e a loucura.

Mas para não acabar viajando demais na maionese, termino aqui dizendo que é uma película bastante agradável, com atores afiados (destaque também para Josephine Hull como a histérica Veta) e uma boa direção. Quem sabe ao final do filme você não vai acabar desejando a companhia do simpático Harvey?

Novo Membro

O Gian Luca é um dos meus melhores amigos e é simplismente um dos meus maiores mentores na minha paixão por cinema clássico. Ele faz Letras - Inglês - na UFES (Universidade Federal do Espirito Santo) e postará algumas de suas críticas aqui no sincecinematographe comigo.