1968 - eclodia na França uma rebelião estudantil contra as condições de ensino e por maior participação na vida política. A Universidade de Sobornne era o foco da revolta. Reprimida com violência pela polícia, a manifestação culminou, em 13 de maio, na marcha de 800 mil pessoas em apoio aos estudantes.É simplesmente fascinante imaginar as centenas de histórias que estavam ocorrendo naquele momento na França. Um momento em que a cultura Pop emergia das mãos de Andy Warhol, a guerra fria assolava o mundo e os “Filhos da Cinemateca Francesa” lançavam a Nouvelle Vague.
Matthew (Michael Pitt) é um jovem americano que vai para França em 68 para estudar o idioma. Cinéfilo, Matthew vai à Cinemateca regularmente, onde assisti a dezenas de filmes. Ok, Devo dar uma parada neste momento para lhes apresentar Henri Langlois. Fundador da cinemateca francesa, era colecionador de filmes e tinha como principal objetivo exibi-los. Muitos diretores dos anos 50 e 60 devem boa parte da sua formação aos filmes que a Cinemateca promoveu. Foi de lá que saíram os “Filhos da Cinemateca” fundadores da Nouvelle Vague (Nova Vaga). Em 68, no entanto, o então ministro da cultura francesa resolveu despedir Langlois da liderança dos destinos da Cinemateca, alegando deficiência de gestão. Em 14 de Fevereiro, a polícia tentou reprimir milhares de pessoas que tentavam chegar ao Palácio Chaillot, sede da cinemateca, onde Langlois contestava as ordens do ministro. Essa é a situação inicial do filme. É nessa, literalmente, Revolução do Cinema que Matthew conhece os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel).
O jovem fica fascinado com os dois. A química entre os três rola na primeira instancia. A paixão pelo cinema move praticamente todas as suas conversas. Os pais dos gêmeos, estão para fazer uma viagem, e eles convidam Matthew a passar uns dias em sua enorme e antiga casa. Matthew se surpreende ao perceber que a relação dos dois irmão é mais íntima do que imaginava. Os dois dormem todos os dias na mesma cama, nus e abraçados. Jogos de interpretação de cenas tomam conta da primeira parte do filme. Quem não acertava o nome da película em questão, pagava uma “multa”. Em uma delas, Theo se masturba na frente dos dois, e mais pra
frente, Matthew tira a virgindade de Isa.
A segunda parte do filme, onde Matthew e Isa estão se relacionando regularmente, Bertolucci explora a relação entre os gêmeos, que se dizem siameses. Chega a ser bizarro, mas curioso o modo como os dois estão unidos e o inicio de um ciúme de Theo por Matthew, que a gente espera terem alguma coisa o filme todo. O ponto forte são de fato, as referencias à outros filmes. No entanto, vemos algo de bastante interessante, o filme foi dirigido bem ao estilo da Nouvelle Vague e as referencias à pop art e a todo o contexto da época nos fazem criar admiração pela película.
É deprimente saber que nos anos 60 existiam jovens motivados a encarar o cinema como uma forma de arte tão profunda quanto a poesia. Discussões sobre filme hoje se resumem a bilheterias e a efeitos visuais. As pequenas partes dos filmes, uma cena, um segundo de uma cena, um olhar, não é mais encarado como uma letra de música pelos cinéfilos de hoje. Ser cinéfilo é amar a um filme tanto quanto um groupie ama uma partezinha de uma música de sua banda. É apreciar o trabalho estético, a edição, tudo. Tudo que motivou àquele roteirista, aquele diretor, aquela pessoa por trás das câmeras a retratar a história.


Olá, bom o seu texto, mas tem duas coisas bem erradas. Em 1968, a Nouvelle Vague já estava perdendo força, os grandes filmes do movimento haviam sido feitos a quase uma década, e Nouvelle Vague significa "Nova Onda".
ResponderExcluirInteressante!
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